A mudança de cabelos em filmes e novelas e a banalização do preconceito

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Oi, gente! Tudo bem?

Hoje eu gostaria de propor uma reflexão sobre um post que vi no Facebook e sempre gera muita discussão. Acredito que o maior poder que temos na vida é o de refletir e questionar nossos pré-conceitos, nossas ideologias e tudo que aprendemos na vida como certo e errado. Por que não olhar de novo? Será que nossa verdade é absoluta?

Bem, na minha opinião, não. Estou sempre reavaliando as coisas em que eu acredito, lendo, me empoderando e, principalmente, ouvindo. O exercício da empatia, de se colocar no lugar de alguém que vive algo que não faz parte da sua vivência é extramamente difícil e só conseguimos fazer isso plenamente quando simplesmente ficamos quieto e ouvimos. E por que estou dizendo tudo isso? Bom, eu sou branca, hetéro, nascida em uma família paulistana de classe média. Como posso eu saber o que um negro passa em seu dia-a-dia e falar que racismo não existe? Como posso eu, enquanto hétero, falar que ser gay no Brasil é facil? Como me atreveria a falar sobre meritocracia em uma sociedade em que eu estudei a vida inteira em escola particular enquanto tem gente em greve na escola pública? É justo isso? Não. E eu, enquanto privilegiada, no sentido de não ter passado por nenhum preconceito, de nunca ter sofrido opressão e de não ter meus direitos básicos negados, preciso, simplesmente, calar minha boca e ouvir.

Tá bom, Mari, mas o que isso tudo tem a ver com o título do post: “A mudança de cabelos em filmes e novelas e a banilização do preconceito?”

Bom, hoje eu vou falar um pouco sobre: ser mulher, padrões de beleza, cabelos crespos e cacheados e símbolos. Explico: O post que eu vi hoje em grupo no Facebook era sobre o texto “Um cabelo vale mais do que mil palavras”, escrito por Carolina Pulice no Lado M. O texto fala lindamente sobre a transformação da personagem de Camila Pitanga na novela Babilônia, na qual ela interpretava uma mulher negra, moradora da favela que possuia uma barraca na praia. Na novela, Camila tinha cabelo cacheado (leia bem, cacheado e não crespo – cachos esses bastante “babylisados”, sem volume, sem frizz. Aquele cacheado tipicamente aceito e querido em nossa sociedade). Lá pelas tantas da novela, Camila sofreu aquela repaginação, aquele dia de princesa, aquela reviravolta completa. Do guarda-roupas e maquiagem passando, claro, pelos cabelos, tudo foi mudado para dar à personagem a ideia de elegância, mulher poderosa, fina, etc, etc, etc. E como feito isso? Claro, Camila ficou com o cabelo ainda mais liso, com ondas discaramente forçadas em uma escova modeladora que tinha a clara intenção de ser uma es-cova mo-de-la-do-ra.

mudanca-de-camila-pitanga-em-babilonia

Mas, tá, e qual é o problema? “Foi só uma mudança de visual!” “Ela tinha o cabelo cacheado, para ter uma mudança ou ficava todo liso ou ondulado.”

Amigas, vou contar um segredo para vocês. Nenhum personagem nasce e vai sendo mudado no decorrer da novela. O autor já tem uma prévia do que fará com aquele personagem para chegar na história que ele quer transmitir. É claro que existem mudanças no decorrer do curso, imprevistos acontecem, o clamur do público por algum personagem é considerado, MAS todo personagem já tem uma história pré-estabelicida. Quem vai ficar com quem, quem vai ficar rico, quem vai ficar pobre, a vilã, a boazinha, a que vai sofrer um acidente… enfim, e em o que cada uma dessas histórias vai desdobrar. Uma personagem não começa pobre e vira rica sem que o autor tenha pensado nisso antes. E há um estudo sobre esse personagem, o autor personifica essa pessoa e o figurinista, produtor, diretor vão ajudar a dar uma cara e a mostrar para o público quem é essa pessoa. Ninguém começa cacheada por acaso nem muito menos fica semi-lisa por acaso. Quando há uma transformação dessas são considerados os padrões de beleza, sim, os símbolos da nossa sociedade, sim. Nada é por acaso. Tudo absolutamente TUDO comunica e cabe a nós interpretar essa mensagem.

Fiz faculdade de Comunicação e uma das minhas aulas era sobre o poder da imagem na comunicação. Um dia estudamos o poder da imagem na política. As roupas usadas pelos políticos, as fotos dos santinhos (sim, aqueles que a gente joga fora), as notícias que a gente vê no jornal, TUDO TUDO TUDO é pensando para construir no imaginário do público uma imagem sobre aquele político. E, quer saber mais? Essas imagens que são passadas sempre consideram o que o público espera. Nunca vou me esquecer de um exemplo que o professor deu. Nas eleições de 89, quando o Collor ganhou, foi feita uma pesquisa e descobriram que os brasileiros buscavam por um político corajoso, jovem, que tivesse culhão para enfrentar tudo que o país tinha vivido e pronto para mudar.Ao mesmo tempo, queriam um cara de família, blablabla. Com isso, o marketing do Collor plantava notícias na mídia que mostravam sua jovialidade, sua coragem, praticando esportes radicais e ao mesmo tempo elegante em seu terno. As fotos dos materiais idem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Inclusive, pensem no Lula. Ele só foi eleito depois de ter o cabelo alisado, mudar o jeito de se vestir e ficar mais elegante, “visualmente” mais aceito pelas classes mais altas.

 

Acha que na novela é diferente? Será? O que é socialmente mais aceito? Cabelo crespo ou cabelo liso? O que sempre foi sinônimo de cabelo “bom”? Que todas queriam ter? O cabelo da negra ou o cabelo da branca? Quem que é a madame da novela? Quem se veste bem, com roupas elegantes, de marca?

Ah, mas hoje o cabelo cacheado “está na moda” (veja bem, coloco entre aspas porque apesar de ser um argumento usado por muitas meninas, cabelo não é moda e moda passa e isso não sufieciente quando falamos em algo que faz parte do dna de tanta gente – se assim for, quando a moda passar a gente faz o que com o nossos cabelos?), estão tendo que nos aceitar. Sim, falou bem. O ca-chea-do. Aquele cabelo que foi socialmente embraquecido para ser aceito com “dicas para ter cachos mais bonitos”, “dicas para deixar os cachos mais abertos”. Aquele cabelo milimetricamente feito com babyliss, no qual metade do cabelo é lisa e a outra metade tem cachos perfeitos. Isso é aceitação? E os crespos? E os blacks? E o cacheados naturais, com volume e frizz e o ondulado volumoso? Foram parar a onde? Ah, mas tem a Sheron Menezes, aquela outra menina das 19h, A Thais… tem, é verdade. Mesmo tendo blacks e crespos tembém produzidos, é um avanço. É, que belo avanço! Maaaaas

Quando foi que você viu uma transformação que o cabelo do personagem da novela/filme era um alisado sem vida e virou um belo crespo? Quando foi que você viu o cabelo crespo/cacheado sendo retratado como uma mudança boa? Que deixou a mulher mais poderosa? Mais elegante? Melhor sucedida?

Alguns exemplos?

  • Monica Iozzi, na Novela Alto Astral, precisava disfarçar que era rica. Sua transformação:

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  • Já na novela Regra do Jogo (atual das 21h), a personagem loira classe média muda para favela e friza, arma e coloca tranças no cabelo.

monique-alfradique-mudou-o-cabelo-para-parecer-pobre

Para completar, uma conversa entre o marido, surpreso com a mudança e a mulher, exibida ontem (20/10):

— “Cê acha que tá aonde?! No Ritz de Paris? A gente é favelado, amorzão! Não era essa a proposta? Se integrar na comunidade, se divertir no meio do povo, tudo junto e misturado?! Desde quando dread no cabelo é ruim? Só cabelo lisinho agora que é bacana?! Sai fora! Sabe o que é isso aí? É recaída burguesa!”

Quêdizê, cabelo burguês é liso e cabelo “de favelada” é armado, frizado, com tranças?

  • Hermione Granger, em Harry Potter, tinha o cabelo ondulado beeeem volumoso no primeiro filme e foi alisando o mesmo no decorrer dos filmes.

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hermione-granger-a-mudanca-de-cabelo

 

 

 

 

 

Anne Hathaway no filme “O Diário da Princesa”, na qual é falado claramente que ela precisa mudar o cabelo para ser uma princesa.

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  • Julia Roberts em “Uma Linda Mulher”, de prostituta à esposa de empresário

julia-roberts-cacheada-em-uma-linda-mulher julia-roberts-lisa-em-uma-linda-mulher

Enfim, exemplos não faltam.

E para concluir, imagino você que não concorda comigo (e está no seu direito, claro!) mas, é só um filme/ é só novela. Bem, eu vivi dos 11 anos aos 14 com o cabelo preso ou com escova. Dos 15 aos 17 com franja milimetricamente alisada com chapinnha, quando, até os 18, passei a fazer progressiva “só para tirar o volume” do cabelo. Até que perdi tanto os cachos que resolvi alisar de vez. E dos 19 aos 21 fiz alisamentos fortes para manter o cabelo liso. Não gostava das pontas retas, então passava secador e chapinha para modelar. O que filmes, revistas e novelas tem a ver com isso? Foram neles que eu aprendi que o meu cabelo era feio, era volumoso demais, com frizz demais. Foram neles que eu quis ter um cabelo igual ao da Lindsay Lohan em “Meninas Malvadas”, mas tinha que começar no meio do cabelo, não podia ser o cabelo inteiro. Não podia ser fechado demais, nem armado demais. Não podia ter frizz. Não podia ser cabelo. A publicidade  me ensinou que existiam produtos milagrosos, técnicas maravilhosas e que eu só ficava “feia” se eu quisesse. Os amiguinhos criticando meu cabelo preso na escola, os apelidos e as criticas quando eu usava o cabelo volumoso e as dicas na Capricho me mostravam como ter o cabelo dos sonhos. Então, digo, para vocês, o que os filmes e novelas nos falam importa, sim, representativade importa, sim. Se sentir aceita e bem consigo mesmo importa, sim.

Mariana

Mariana Boaretto, 28 anos, paulistana. Mãe-coruja do Lorenzo e da Giovana, formada em Comunicação e cursando MBA em Marketing. Descobriu sua paixão pelos cachos há 7 anos e adora compartilhar dicas de cuidados, aceitação e empoderamento feminino.

Blog Comments

Oi Boa tarde

Boa tarde, Tanizia!
Posso te ajudar em algo?

Bjs

Parabéns pelo texto!! Perfeita descrição sobre o que nos, cacheadas, passamos!!!

Oi, Karen!
Muito obrigada. Fico feliz que tenha gostado!

Bjs

Amei o texto! Parabéns! Maravilhoso! Estou passando pela transição. Também fiz química por muito tempo, 9 anos. Estou há 7 meses em transição, reaprendendo a cuidar dos meus cachos, conhecendo novamente como meu cabelo funciona (já não lembrava como eram os cachos) e diariamente escuto comentários do tipo “ah, mas o seu não é tão enrolado na raiz”, como se ser enrolado desde a raiz não fosse bonito ou bom! E sempre respondo que todo cacheado é bonito e quanto mais volume melhor! Mais personalidade e segurança exergo na mulher com cabelos crespos, cacheados e afins nesse mundo do certinho, em que se “espalhar”, ganhar os espaços (inclusive com os cabelos) é uma forma de questionar e se posicionar!

Oi, Paula! Tudo bem?
Primeiro, obrigada pelos elogios. Fico muito feliz que tenha gostado do texto!
Infelizmente a gente vê muito preconceito mesmo, principalmente com os cabelos crespos.
Esse exercício de questionar as coisas que tanto ouvimos durante a nossa infância, que os influenciaram e influenciam tantas pessoas até hoje, explica um pouco de como chegamos até aqui, né? E que bom que percebemos e mudamos de rumo! E, com certeza, é uma forma de posicionamento, de luta!

Bjs!

Concordo, sim, Mari!! Que texto incrível. Não só lindo, mas real. Eu também me lembro, perfeitamente, dos exemplos midiáticos que me mostraram que eu, com meu cabelo ondulado e com frizz, não tinha o direito de usar o corte da protagonista, e que eles poderiam (ou deveriam), ser domados… e claro, da frustração que isso causou, além dos 12 anos de chapinha e progressiva que vieram junto com essa frustração. Estou apaixonada! Parabéns!!!

Oi, Flor!
É uma realidade triste, é um assunto de falar, mas temos que parar e refletir, né?
Muita gente não entende como tudo isso afeta quem tem cabelo crespo/cacheado/ondulado, não entende a importância. Fiquei feliz de ver o tanto de gente que concorda e que está refletindo sobre isso também. Isso com certeza nos torna pessoas mais seguras e mais abertas as diferenças, ao próximo.

E muito obrigada pelos elogios :)
Um beijo!

Clap! Clap! Clap!
Arrasou de novo!

Obrigada, Danielle :)
Fico feliz que tenha gostado!

Bjs!

Arrasou no texto.
Se pararmos para analisar existe muito preconceito.
O cabelo cacheado é visto como bagunçado e pobre, o liso é visto como um visual limpo e sofisticado.

Oi, Danny!
Exato! E é fundamental termos essa consciência, tanto para refletir quanto para sabermos filtrar as coisas que chegam até nós e nos fazem tão mal, prejudicam nossa auto-estima e etc.
Fico feliz que tenha gostado!

Bjs!

Gostei muito do texto, me identifiquei, desde criança escuto que meu cabelo não pode armar, que esta assanhado, que o cabelo alisado é mais elegante, que quando eu tivesse que ir a uma entrevista deveria escovar meu cabelo, sempre gostei do meu cabelo cacheado, e vivi 6 anos fazendo relaxamento apenas para reduzir o volume e continuar com os cachos, passei um ano usando cabelo somente alisado, e por incrível que pareça já ouvi da cabeleireira que fazia meu cabelo que eu por favor eu não deveria sair com cabelo cacheado para ocasiões importantes, e eu ia me rendendo, sempre escovando o cabelo para as tais ocasiões, até que chegou um momento que percebi o quanto a química estava fazendo mal a meu cabelo, e resolvi não usar mais, e quando chegou uma ocasião especial em que tive que escovar meu cabelo? Foi uma tristeza, cabelo mais difícil de alisar, sem química na raiz, fiquei até de madrugada alisando sendo que tinha que acordar super cedo no dia seguinte para viajar e me perguntando, mas por que diachos estou fazendo isso comigo? Foi ai que acordei, não preciso ter o cabelo liso ou cachos comportados para ser linda, isso a 6 meses atrás, nem sabia o que era transição capilar, mas comecei a pesquisar como cuidar mais dos meus lindos cachinhos que estavam nascendo e realmente aprendi muita coisa, achei difícil achar um blog que tratasse apenas desse assunto, até que por acaso semana passada achei o cacheia, já li quase todas as matérias e estou me identificando muito! Obrigada pelos belos post’s, que me dão dicas maravilhosas, estou no final da transição ja que meu cabelo cresce muito rápido e sempre usei curto, e estou aprendendo a amar minha raiz… Por favor não parem de nos mostrar como nosso cabelo é lindo, como podemos fazer qualquer coisa que quisermos com ele… Desculpe pelo texto, mas acabei me empolgando..

Oi, Gessika!
Que lindo seu comentário! É a pura verdade de tudo que passamos!
Passei anos da minha vida só indo em festas com escova para ficar “arrumada” e hoje, não consigo me ver de escova de jeito nenhum! Jesus! Credo! Não sou eu! Toda e qualquer festa que vou, vou com o meu cabelão e ainda luto para achar cabeleireiras que estejam dispostas a fazer penteados com o cabelo 100% natural, sem babyliss, sem disfarces. Minha textura é linda, sim!

Muita força nesse finalzinho de transição e fico muito feliz que tenha nos encontrado!
Qualquer dúvida e ajuda que precisar, estamos por aqui, Face e Insta: facebook.com/blogcacheia e @blogcacheia

Beijos!

Oi Mariana!! Adorei seu texto e tem tudo a ver… Presenciei algo do tipo, uma amiga minha que tinha cabelos imensos e bem cacheado, resolveu alisá-los porque achava (e ainda acha) que cabelo cacheado é coisa de pobre, que deixava as pessoas com cara de pobre… É uma pena… Um super beijo pra você!!

Oi, Kele!
É realmente uma pena, principalmente porque isso não veio do nada, somos influenciáveis por tudo que lemos, ouvimos, vemos e isso nos leva a tomar atitudes como essa. Não que alisar seja errado, cada um faz o que bem entende, MAS é bom abrimos os olhos para essas coisas para avaliar se queriamos mesmo ou fomos levados a querer, né?

Um super beijo para você também e obrigada pelo comentário!

Muito bom! Realmente, é como se a mídia mostrasse que pobre é feio, rico é bonito. Mas gente… Meus cachos são lindos <3 e agora após minha transição, estão lindos demais pois sei cuidar melhor com tantos produtos disponíveis no mercado. E é tão bom ficar enrolando o dedo nas pontinhas *-* virou uma mania rsrs
Desde minha transição só tenho ouvido elogios, ainda bem! hehehe
Por isso indico às mães que tem ouvido de suas filhas que querem ter cabelo liso, o filme Valente! Merida é linda com seu todo poderoso volumão!!! <3 No caso de uma delas, a garotinha adorou!

Oi, Gabi!
Boa dica! Representatividade é tudo e o apoio familiar também!
E, siiiiim, nossos cabelos são lindos!

Bjs!

Parabéns pelo texto, muito bom, adorei os exemplos das novelas.

Oi, Thalia!
Muito obrigada :)

Bjs

Oi Mariana, parabéns pelo post! Os exemplos de preconceito com relação aos cabelos crespos e cacheados infelizmente são inúmeros, mas graças a Deus há pessoas como vocês do Cacheia, que expõe o assunto e incentivam a reflexão, o respeito pelas diferenças e o amor próprio. Abraços!

Oi, Carol!
Agradeço o elogio!
Realmente, são inúmeros os exemplos e temos que expô-los, sim, para nos conscientizarmos e termos uma sociedade menos preconceituosa e que aceite, de verdade, nossas diferenças.

Bjs

Amei o texto!

Obrigada, Cintia :)

Mariana RAINHAAAA! Colocou em palavras tudo o que eu venho tentando mostrar às pessoas com quem converso sobre representatividade. Nós muitas vezes não enxergamos e acabamos repassando com ainda mais força essa inferiorização do nosso ‘eu’ pras crianças. Muitas mães não enxergam que só o fato de alisar seu cabelo passa a mensagem pra sua filha de que ela não é boa o bastante ou bonita o bastante se não tiver o cabelo liso e isso se abrange pra todos os outros padrões socialmente aceitos como ser magro, ser branco, ser hétero, ter dinheiro, ter coisas materiais, etc.
Como sempre, não dá pra esperar nada que não seja incrível vindo desse site…me apaixonei por ele (e por vcs) em dezembro do ano passado quando resolvi assumir meu cabelo e continuo cada vez mais encantada por tudo isso e dividindo a palavra com as irmãs em apoio ao amor próprio. Obrigada por sempre fazerem a diferença na minha vida ♥

Oi, Laura!
Antes de qualquer coisa, deixa eu te perguntar: foi você que percebeu que eu escrevi “banilização” e avisou a a Ana, não foi? Se sim, meu MUUUUITO OBRIGADA! Sério :)

Sei bem como é isso, as vezes a gente tenta, tenta, tenta explicar uma coisa e não chega nas palavras certas. Eu mesma tava toda insegura se esse texto seria completamente entendido. É tanta coisa para falar, né? Para gritar ao mundo, peeelo amor da Deusa, olha aqui! rsrs
Sobre o exemplo que você deu, concordo completamente! Li uma vez uma carta de uma menina para a sua mãe na qual, resumindo bem, ela falava pra mãe o quanto ela tinha aprendido que era feia e gorda por causa da mãe, porque quando pequena achava a mãe linda e a mãe respondia, mas a mamãe tá gorda e blablabla e, por consequência, a filha viveu a vida inteira achando que só é magra que é bonita, que precisamos sempre de dietas maluca, etc, etc, etc. Com certeza, representatividade importa em todos os sentidos e acaba com preconceitos.

Muito obrigada pelo seu comentário e fico muito feliz que o Cacheia seja tão importante para você. Conte SEMPRE SEMPRE SEMPRE com a gente! ♥

Beijos!

Gostei muito da materia. É muito importante falar sobre isso. E quando falamos de representividade não queremos citar aqueles mesmos exemplos de sempre… Vi essa cena de a regra do jogo e achei pessima eles colocam o cabelo ( fora dos padroes) como algo ligado a pobreza e se esquecem de que cabelo e mais que estilo, e dna. Enfim por causa dessa influencia da midia/sociedade não consigo achar meu cabelo digno.
Obs. Estou há 1 ano e 8 meses sem alisar o cabelo, porem somente a 3 meses sem passar escova / prancha e devido a esses procedimentos meu cabelo cresceu muito pouco na frente e isso me impede de fazer o bc. Tenho o cabelo tipo 4 nao sei qual nunca conheci meu cabelo natural. Espero dicas de vcs pra me ajudar com isso pq to naquela fase ruim da transicao.
Beijos e bom dia ;)

Oi, Rayane!
Com certeza, é muito importante falarmos sobre isso. E, tenha certeza, seu cabelo é DIGNO, sim, é MARAVILHOSO, sim!

Sobre a sua transição, como o seu cabelo é tipo 4, você vai perceber mais devagar o crescimento mesmo. É normal! Não desanime e lembre-se que cabelo comprido também é uma imposição cultural. Você pode ser linda com o cabelo curto também. Dê uma olhadinha em meninas que fizeram BC e ficaram com o cabelo bem curto. É maravilhoso!
Mas não faça nada precipitadamente. Leia, se empodere, participe de grupo, procure por fotos e vá cuidando do seu cabelo.
Algumas dicas:
– Se alimente bem, com bastante frutas e legumes. Essa é maneira mais saudável do cabelo crescer. Dicas aqui: http://cacheia.com/2014/05/cronograma-capilar-aprenda-a-nutrir-os-seus-cabelos-de-dentro-para-fora/
– Vá cortando a parte alisada, mesmo que aos poucos. O cabelo alisado faz a gente perder a noção de como está o natural, dá mais trabalho, gasta mais produto e muitas vezes dá aquele desânimo. http://cacheia.com/2015/01/6-motivos-para-nao-passar-muito-tempo-em-transicao-e-fazer-logo-o-bc/
– Faça texturizações para tentar diminuir a diferença entre as texturas: http://cacheia.com/2015/01/as-melhores-texturizacoes-para-tipo-4/ e http://cacheia.com/2013/12/texturizacao-s-o-s-transicao/ e http://cacheia.com/2014/02/como-abaixar-e-disfarcar-a-raiz-do-cabelo-sem-usar-quimicas/
– Cuide do seu cabelo com muito amor e carinho. Você verá que com o tempo ele só irá de te agradecer! http://cacheia.com/2013/11/cronograma-capilar-sos-cabelo/

Mais: http://cacheia.com/2014/09/como-sobreviver-a-transicao-capilar/
http://cacheia.com/2015/01/passo-a-passo-para-quem-quer-assumir-o-cabelo-crespo/

Espero que te ajude!
Qualquer dúvida, é só deixar nos comentários!
Bjs!

Oi, Mariana, tudo bem?
Já li muitas das suas dicas para cabelo e gostei de todas, mas dessa vez, quase sem comentários, seu texto foi simplesmente GENIAL. Obrigada por abraçar a causa de todos e todas, não só como referência pra cabelo mas como ser humano mesmo. Parabéns por escrever tão bem e deixar claro o quão complexo o assunto “nosso cabelo não liso” é. Um beijo enorme :)

Nossa, Aline! Me deixou sem palavras.
Confesso que estava me preparando para receber um monte de comentários me acusando de louca ou de mimimi e fiquei muito feliz com a boa repercussão que deu, pois mostra o quanto estamos amadurecendo e encarando todas essas coisas que, querendo ou não, nos trouxeram até aqui, não é mesmo?

Fico muito feliz que você tenha gostado e que eu tenha conseguido ser tão clara.
Um super beijo para você também :)

LINDOOOOOOO *-*
TODOS estes exemplos, eu já havia me questionado, todas às vezes em que um “personagem” passa por uma Mudança. É imposto a nós que termos cabelos lisos, sem volume é o PERFEITO, o ACEITÁVEL.
Amei MUITO o texto.
Obrigadaaaaaaaaaaaaaa ;)

Oi, Rayane!
Eu que agradeço :) Fico feliz que tenha gostado!
Um beijo!

Oi~ meninas!
Parabéns pelo blog, o encontrei por acaso e já amo.
Tenho um lindo exemplo em casa de amor pelos cachinhos, minha filha de 9 anos, tem o cabelo suuuper liso, e constantemente recebe elogios por isso, maaas sua resposta nunca muda “eu queria mesmo é que fossem cacheados”, ela diz.
Isso mostra que realmente o preconceito e a discriminação é algo que se aprende sim. Portanto, se começamos a nos amar e nos aceitar exatamente como somos, iniciamos uma grande revolução.
Tem mais uma coisinha que eu gostaria de partilhar com vocês, é a minha opinião sobre o uso constante de termos em inglês para as técnicas, cortes e tratamentos capilares. Bem, se falamos tanto em aceitação das nossas características, então por que usamos tantos ter “gringos”?!
Vejo nisso mais um reflexo da nossa perca de identidade…
Enfim, não vou me alongar, mas penso que vale a reflexão!
Cheirão, moças! ;*

Oi, Fabiana! Tudo bem?
É verdade. Tenho um filho de 3 anos com o cabelo liso também e ele é completamente apaixonado pelos meu cabelo, inclusive brigada comigo quando eu o prendo.
Sobre os termos em inglês, é verdade. Temos que tomar cuidado com isso para não ficar algo inalcansável para a maioria de nós, criando até um afastamento. Vou propor essa discussão internamente :)

Um beijo!

Maravilhoso texto, descreve o que passamos todos os dias. Estou em transição à 7 meses, e nesse período descobri o quão bonito é meu cabelo, e a cada dia que passa tenho aprendido a amar mais ainda meu cabelo. Porém tenho passado por muito preconceito, pessoas dizendo que deveria mantê-lo liso, por que o liso é mais bonito, mas mesmo assim não tenho desestido e não irei desistir, o blog tem me ajudado bastante nessa fase. Muito obrigada pelos maravilhosos post e dicas.

Oi, Laryssa!
Muita gente passaa por preconceito na fase da transição. A verdade é que a maioria das pessoas não entendem porque você tá fazendo aquilo, porque está ficando com o cabelo com duas texturas só para voltar ao natural, já que hoje é normalizado alisar o cabelo como forma de ficar bonita. Não desanime, vá cortando o seu cabelo aos poucos até ter coragem para fazer o bc e sempre cuidando. A transição é antes de tudo um processo de auto-conhecimento e aceitação!

Se precisar de ajuda, conte com a gente!
Bjs

Nossa… amei o seu texto.
Sou branca com os cabelos liso e tenho uma filha de 11 anos que é negra e com os cabelos bem cacheados e volumosos.
Vou te dizer uma coisa: Ela simplesmente ama ser como é…. e eu posso dizer com todo o orgulho do mundo que foi eu quem a ensinou a ser assim.
Muitas vezes ela diz que NUNCA irá alisar os seus cabelos, e o meu incentivo pra ela é muito importante, pois sei bem como a pessoa se torna escrava de uma chapinha e secador e isso é horrível.
Conheci o seu blog a pouco tempo e já usei várias dicas para cuidar do cabelo da minha filha.

Oi, Milena!
Não tenho dúvidas que o seu apoio foi fundamental para autoaceitação da sua filha! E que maravilhoso isso!
Temos alguns posts focados em crianças, você já viu?

http://cacheia.com/2015/06/8-dicas-para-voce-aprender-a-cuidar-do-cabelo-cacheado-do-sua-filhao/
http://cacheia.com/2015/05/autoestima-infantil-cabelo-crespo-e-representatividade/
http://cacheia.com/2015/10/lista-de-produtos-para-criancas-liberados-para-low-poo/

Sempre que precisar, estamos por aqui :)

Um beijo!

Adorei o texto. Sou uma cacheada senior e posso dizer que quando era jovem sofri muito com meus cachos. Vocês nem devem conhecer isso, mas tinha-se que fazer “touca” na cabeça, ou seja, enrolar os cabelos em espiral presos com grampos. Não havia chapinha, escova, nada disso, a tortura era medieval. Parabéns pelo blog, maravilhoso. Hoje so me sinto eu com meu cabelo como ele é e estou aprendendo muito com essa turma nova. Parabéns, garotas!!!

Oi, Angela!
EU conheço touca sim. Minha vó chegou a fazer algumas vezes no meu cabelo. rsrs
Graças a Deus hoje temos infomrações e ficamos felizes que esteja gostando do blog!

Um beijo!

Nas últimas novelas a única q tem se salvado é a Sheron Menezzes que fazia ( na Babilônia) o papel de advogada e continuava com seu black.

Oi, Viviane!
É verdade. Tem algumas outras que estão aparecendo com o black também. E isso tem acontecido porque cada vez mais gente tem exigido isso das novelas, ver representações de todas as raças e cabelos.

Um beijo!

Eu sou mais a novela Rubi, em que a protagonista quando era pobre tinha o cabelo liso, escova, depois quando fica rica, cuidado cabelo e deixa com uns cachos lindos. Lógico que é coisa de salão, mas é o cabelo mais lindo que já vi.

Óla ! amei o texto ! Muito profundo , e traz a tona coisas que no dia a dia enquanto vemos a novela podemos não perceber. Mas estou com uma duvida sobre um informação, quando li os livros de harry potter a hermione tinha cabelos volumosos e meio sem definição , não me lembro mais em qual livro(acho que no segundo) ela faz um feitiço nos cabelos para que ficassem menos volumosos. Não sei se foi realmente com este propósito que o cabelo dela aos poucos foi ficando mais e mais liso , mas eles querendo ou não refletiram algo escrito pela j.k.
Não quero entrar no ponto de dizer que o que a escritora fez foi praticamente uma progressiva “mágica” nos cabelos de hermione , e sim pedir a vocês que se informem um pouco mais deste ponto dos livros e julgar assim se esta informação enriquece ou não o post.
É isso kkk e queria dizer que amo ler tudo que escrevem ! vocês são demais , se aprofundam em assuntos que a sociedade ignora e deste modo da voz a tantas pessoas que se sentem reprimidas e caladas

Oi, Beatriz!
Obrigada pelo feedback. Também li todos os livros e, sinceramente, não me lembro. Mas vou verificar e qualquer coisa tiro ela da lista.
Fico feliz que você goste dos nossos posts e que eles te ajudem tanto!

Conte conosco para o que precisar!
Um beijo!

Esse texto é a mais pura verdade! Não existe representatividade dos cachos! Passei toda a minha vida ouvindo o quanto meu cabelo é ruim, armado, difícil, que eu deveria alisar.
Já tentei manter ele liso, mas desisti e estou com os cachos faz mais de 1 ano. Sempre ouvi que manter o cabelo liso era mais fácil, mas não é, dava um trabalho horrível, tudo isso para me enquadrar em um padrão ao qual eu não pertenço!
Parei de ir ao salão de beleza, aprendi a cortar o cabelo e cuidar em casa, afinal, basta entrar no salão para começarem as indiretas de coisas que eu deveria fazer para meu cabelo ficar “melhor”, ou seja, liso e loiro. Comecei a desafiar e fazer exatamente o contrário do que todos falam! Falavam que eu não podia repicar o cabelo que ele iria armar e eu o fiz, falavam que não podia ficar longo demais, pq ressecava e não crescia, então deixei ele passar da minha cintura e agora tomei coragem e cortei ele curto, exatamente aquilo que todos abominavam!
Cortar curto foi o último passo para minha libertação, mas está sendo difícil, estou me acostumando com o volume extra que ganhei e com o fato de que cortei o loiro tingido que estava nele. Pela primeira vez, em 12 anos o meu cabelo está quase 100% natural (ainda restaram alguns fios com luzes, que logo serão cortados). No desespero do segundo dia de corte pensei loucamente em passar progressiva e ir fazer luzes, mas me segurei e decidi procurar textos que motivassem meu empoderamento e encontrei o seu texto. Obrigada!
Aceitar a minha aparência é difícil, especialmente pq quase todos ao redor só nós colocam para baixo. Basta colocar uma foto na internet com os cabelos lisos e chovem elogios e basta colocar uma cacheada para receber dicas de como deixar ele “melhor”, perguntas do porquê de ter feito “isso” com meu cabelo, como se ele fosse uma afronta aos olhos alheios!
Eu decidi não ser mais loira e lisa pq eu quero ser EU. Não quero mascarar minha aparência verdadeira, não quero me encaixar nesse molde de cabelo de “rica” que tentam me impôr. É uma luta diária, temos que lutar contra tudo e contra todos!
Obrigada pelo trabalho de vocês! Obrigada pelo texto tão esclarecedor! Era exatamente disso que eu precisava!

Oi, Raissa!
Fico muito muito feliz que o meu texto tenha te ajudado. Inclusive, aqui no Cacheia temos vários nesse sentido de empoderamento feminino, de aceitação, representatividade, pois temos consciência que esse é o caminho para sermos felizes com nós mesmas.

Conte com o Cacheia para que o precisar!
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Beijos!

Não sei se alguém vai ler esse comentário rsrsrs. Mas na novela Teresa (novela mexicana que está sendo exibida no SBT) a personagem de Fernanda Castillo – Luiza passa por uma mudança, para ficar mais atraente, antes com cabelo bem Luisinho e depois com o cabelo beem cacheado (mesmo sendo aquele cacho artificial kkkkk)

Oi, Thais!
Claro que vamos ler, sempre lemos :)
Que legal ver um exemplo reverso!

Obrigada por compartilhar :)

Beijos!

Sei que o texto é um pouco antigo, mas vou comentar assim mesmo ;-)
Eu estou em processo de me aceitar novamente “cacheada”, embora meu cabelo não seja 100% cacheadinho. Digo pra você que ele é uma coisa Gal Costa, rs, parece que tem volume, mas é fino; os cachos não desenrolam “naturalmente” senão com creme e ajuda dos dedos (Quem nunca? rs)
Passei 9 anos da vida fazendo escova toda a semana, e sempre qdo me perguntavam por quê não fazer progressiva, não sabia o que responder, mas no fundo nunca quis!!!
Me amo assim, estou aprendendo truques e técnicas para deixar meu cabelo bonito e sem escova, assim cheguei aqui.
Detalhe: Já dispensei um emprego por causa do preconceito do entrevistador.
Ele me disse: “Seu currículo é bom, mas esse seu cabelo vai armar e cair um monte de cabelo, vai sujar tudo aqui, vc viria com ele preso?
Eu precisava muito do emprego, mas respondi que não, que não ia trabalhar de coque, fiquei muito nervosa mas engoli, fiquei com vontade de chorar, desejei boa sorte e fui embora.
Fiquei muito nervosa, nunca tinha passado por algo assim, e olha que sou branca…Imagino o que ele falava pras negras….
Enfim, quis dividir isso com vcs.
E ah, fiz 41 anos, nunca é tarde para RE-começar!
bjs.

Oi, Paty!
Pode comentar em todos os posts aqui do blog, mesmo os mais antigos, sempre respondemos e adoramos ler a opinião e vivência de vocês!
Muito legal sua história. Realmente, SEMPRE é tempo de recomeçar. Fico muito feliz por você e se precisar de alguma coisa, pode contar com o Cacheia.
Sobre o episódio com o entrevistador, é muito triste e revoltante saber que existem pessoas assim :(

Gostaria muito de saber mais sobre a história do seu cabelo e como você está cuidando dele para assumí-lo natural. Se puder, conta pra gente por inbox lá no Face: facebook.com/blogcacheia

Beijos!

Tô chocada com esse entrevistador!Realmente a imbecilidade humana não tem limites.Desculpem o termo mas tem coisas que revoltam.Parabéns pela atitude!

AMEI O TEXTO, é muito real isso, os significados estão presentes em todo lugar e só não vê quem não quer. Quando você falou sobre os amiguinhos na escola, eu lembro muito claramente de lá na sexta série, um menino falar: você seria muito bonita se não fosse esse cabelo!

Li vários posts do blog, de várias meninas diferentes.. e o que posso dizer é que um me encantou mais do que o outro. Faço progressiva há 14 anos e penso em fazer a transição capilar, estou aqui buscando coragem. A verdade é que não conheço mais o meu cabelo, e estou com saudades dele. rs Obrigada por tantas inspirações! Acho que estou encontrando a força que vim buscar por aqui.

Mari!!!!!! Amei o texto, realmente a representatividaade importa sim!!!! Sensata vc!! Amei amei amei. Beijooooooooo

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