O mercado de produtos capilares está cheio de novidades! Os rótulos prometem muita coisa boa: cabelos macios, leves, hidratados, saudáveis, brilhantes, e por aí vai. As embalagens são bonitas e as promessas destacadas no frasco são tentadoras! Mas antes de levar o produto é interessante reservar alguns minutos para analisar a fórmula. Esse exercício é especialmente importante para as mulheres que seguem técnicas como o low poo e no poo, mas pode ser interessante também para quem deseja simplesmente saber o que está levando pra casa.
A descrição dos produtos que encontramos em estabelecimentos comerciais geralmente é padronizada e segue a nomenclatura do INCI (International Nomenclature of Cosmetic Ingredient). Segundo informações divulgadas no site da Anvisa, esse sistema permite que as pessoas consigam identificar os ingredientes dos produtos através de uma codificação que é universal. Na prática, podemos descobrir facilmente o nome dos ingredientes utilizados mas poucas pessoas conhecem a real função de cada um deles.
Sabendo disso, o objetivo dessa postagem é reunir alguns dos ingredientes que mais aparecem na composição de produtos de marcas populares e apresentar a função de cada um deles. Para evitar que o texto fique muito longo vou dividir essa postagem em algumas partes. Decidi começar com os componentes que são alvo do maior número de críticas ou ressalvas quanto ao uso nos grupos que tenho acompanhado no Facebook.
Paraffinum liquidum: A parafina líquida é um óleo mineral proveniente do petróleo. A parafina líquida possui função emoliente, isto é, é capaz de “amolecer”, de proporcionar maciez. A parafina é muito utilizada na indústria cosmética e uma de suas funções é proteger a pele.
Um dos problemas apontados em relação ao uso da parafina liquida é que, no caso dos produtos capilares, ela forma essa “camada protetora” em volta dos fios, que pode acabar se acumulando e virando uma verdadeira barreira para que outros produtos com função de hidratação e nutrição ou reconstrução consigam agir. Outro detalhe importante é que a parafina líquida é insolúvel em água, o que faz com que a remoção do produto exija o uso de produtos com alto poder de limpeza, o que na prática significa mais sulfato e mais ressecamento dos fios.
A parafina líquida e a vaselina (vaseline) são produtos derivados do petróleo. Ambas proporcionam em alguma medida, mais brilho aos cabelos. Nesse sentido, uma segunda reclamação quanto à presença desses componentes nas fórmulas é que estes dariam uma falsa impressão de saúde capilar. Isto é, proporcionam maciez e brilho sem de fato tratarem os fios.
Cyclopentasiloxane: Esse componente é emoliente. Ele é também responsável por deixar os fios maleáveis, flexíveis, brilhantes e fáceis de pentear. O cyclopentasiloxane é só mais um dos tipos de silicones da grupo dos siloxanes.
É importante ressaltar que existem silicones que podem ser dissolvidos em água e outros que não podem. São exemplos de silicones não dissolúveis em água: Dimetichone , Dimethiconol, Cetyl Dimethicone, Cetearyl methicone, etc. São exemplos de silicones solúveis em água: Dimethicone Copolyol, Hydrolyzed Wheat Protein Hydroxypropyl, Polysiloxane, etc. Essa divisão é importante porque algumas rotinas capilares como o Low Poo, admitem o uso de determinados silicones solúveis.
O grupo Low/No poo sistematizou essas informações num documento online. O Cyclopentasiloxane aparece entre os silicones não solúveis em água.
Methylparaben: O Metilparabeno é um conservante utilizado para evitar que microorganismos se proliferem nos produtos. Além do metilparabeno, outros conversantes são bem comuns na indústria cosmética como o ethylparaben, propylparaben (que além de conservante tem função aromática), o butylparaben (que é conservante e também atua reduzindo ou inibindo o cheiro ou o sabor de um determinado produto), etc.
Em função de polêmicas ligadas à influência dos parabenos sobre os hormônios e à associação com algumas doenças, o uso de parabenos em produtos cosméticos vem sendo criticado. Não há no entanto, estudos conclusivos a esse respeito. Por enquanto, conforme a Anvisa, a utilização desses produtos é legal.
Cetrimonium chloride: Esse componente é emulsionante, isto é, auxilia na mistura entre substâncias que não se misturam com facilidade e pode influenciar também na distribuição uniforme do produto cosmético. O componente tem também propriedades conservantes, evitando assim a proliferação de microorganismos nos produtos cosméticos e função antiestática, ajudando a reduzir o frizz dos cabelos.
Sodium Laureth Sulfate: A função desse componente é a limpeza. Ele é responsável pela formação de espuma durante a utilização de um produto. O componente é também um emulsificante e surfactante. Durante minha pesquisa sobre o assunto, me deparei com uma série de textos que apontavam para o potencial poluidor do Sodium Laureth Sulfate e cancerígeno. Por enquanto, ainda não foram encontradas evidências que comprovem definitivamente o potencial cancerígeno da substância, mas não custa nada ficar de olho!
Fontes:
European Comission Health and Consumers
Atualização: a parte dois está prontinha!
Blog Comments
Mariana
30 de junho de 2015 at 15:25
Post maravilhoso e super completo, Maressa <3
Parabéns!
Patrícia
30 de junho de 2015 at 23:09
Muito esclarecedor, obrigada.
Maressa De Sousa
5 de julho de 2015 at 17:39
Obrigada Patrícia! :D
Tathy
1 de julho de 2015 at 17:01
Meninas lindas do cacheia tudo bem? estou em processo de transição(ai meu Deus como é dificil, toda hora da vontade de desistir rs), não tenho coragem de fazer o BC pois não gosto de cabelo curto, quero cortar aos poucos. Já revirei este site e já copiei todas as dicas de produtos e receitas para tratar dos meus cabelos, cronograma capilar e tudo, já anotei os produtos que tenho q comprar e tal, mas a minha pergunta é: sera que vai valer a pena eu ter esse cuidado todo pra um cabelo que eu vou acabar cortando, no caso a parte alisada? Meu dinheiro é bem suado rsrs. Será que eu começo a cuidar do meu cabelo só quando ele já tiver todo natural(digo seguindo o cronograma certinho)? Ou isso vai danificar ele ainda mais??? Pq a maioria dos produtos, principalmente hidratação, nutrição e tal são pra passar do meio pras pontas que é justamente a parte alisada e não faz sentido eu cuidar de uma parte que é a que eu vou cortar. o grande problema do meu cabelo sempre foi a raiz que é bem inchada, estranha, horrivel, não entendo como os produtos de hidratação pedem pra não passar na raiz sendo que essa é a parte mais judiada do meu cabelo.
Maressa De Sousa
5 de julho de 2015 at 17:36
Oi Thaty, tudo bem?
O cronograma capilar é um modo de cuidar dos fios e estimular o crescimento já que o cronograma é pensado a partir das necessidades de cada cabelo, do estado que se encontra, etc. A idéia é que os fios absorvam essa hidratação e fiquem mais fortes, mais hidratados e nutridos. Algumas pessoas entram em transição com os cabelos muito danificados e recorrem ao cronograma pra amenizar o problema, outras buscam crescimento saudável, e algumas (como eu) só começam a adotar essa técnica depois que já terminaram a transição capilar. Isso é uma escolha mais pessoal, feita de acordo com a disposição de cada um e também de acordo com o estado dos fios, como eu disse anteriormente.
O que posso te falar é que o cronograma capilar é o amigo de muitas mulheres, mas existem também outras formas cuidar dos seus fios. Se você achar que não vale a pena fazer o cronograma, existem outras dicas pra ajudar no desenvolvimento do seu cabelo. Não sei se você já conhece essas postagens mas vou listar abaixo:
1- http://cacheia.com/2014/03/10-alimentos-essenciais-para-fortalecer-os-cabelos/
2- http://cacheia.com/2014/05/cronograma-capilar-aprenda-a-nutrir-os-seus-cabelos-de-dentro-para-fora/
Geralmente recomenda-se que os produtos não sejam aplicados na raiz porque o excesso de oleosidade pode enfraquecer os fios e provocar problemas como quebra, queda, caspas, etc. Quem já tem a raiz muito oleosa precisa prestar um pouquinho de atenção nisso, principalmente na hora de comprar produtos capilares e escolher o shampoo (que é aplicado na raiz).
Apesar disso que te falei, é preciso lembrar também que cabelos crespos e cacheados podem apresentar mais ressecamento do que outros tipos de cabelo já que a oleosidade natural produzida pelo couro cabeludo não chega com facilidade às pontas. Por isso, às vezes muita gente recorre aos óleos vegetais pra fazer umectação, e aí o óleo entra em contato com a raiz dependendo da técnica (depois lavam, claro rs). Na postagem sobre umectação, a Mari disse que o cabelo dela é mais oleoso na raiz, por isso ela não gosta de aplicar ele no couro cabeludo.
Enfim, o que posso te dizer é que observe seu cabelo e seu couro cabeludo. Veja se seu cabelo é seco ou não, se a raiz é oleosa, etc. Sempre que for usar um novo produto, observe se houve alguma mudança. Prestar atenção nesses aspectos é uma maneira de conhecer a necessidade dos seus fios. Essa aqui é a postagem que comentei, caso queira dar uma olhadinha:
http://cacheia.com/2013/12/umectacao-capilar-o-que-e-como-fazer-e-os-beneficios-para-o-cabelo/
Sobre o problema da raiz, vou te recomendar a leitura sobre Scab Hair, talvez seja o caso:
http://cacheia.com/2015/01/o-scab-hair-existe-o-que-e-e-como-tratar-o-cabelo-pos-bc/
E aqui tem dicas pra disfarçar a raiz:
http://cacheia.com/2014/02/como-abaixar-e-disfarcar-a-raiz-do-cabelo-sem-usar-quimicas/
Espero ter ajudado :)
Abraços!
O que diz o rótulo: escolhendo produtos capilares – parte 2 | Cacheia!
6 de julho de 2015 at 23:30
[…] com babosa (Aloe Vera)! O que diz o rótulo: escolhendo produtos capilares – parte 2 O que diz o rótulo: escolhendo produtos capilares 7 dicas para cuidar do couro cabeludo no inverno 8 dicas para você aprender a cuidar do cabelo […]
Andreza Priscila
12 de julho de 2015 at 03:40
Olá Maressa!!!
Que post esclarecedor!!!!
Estou pretendendo fazer low poo em breve e tudo divulgado aqui,
me ajudou bastante.
Vcs como sempre arrebentam!!!! Parabéns!!!!
Com relação a esse povo leigo sugiro: Voltem aos estudos!!! Porque veja deficiência em interpretar textos.
Tudo feito nesse blog consiste de trabalho sério que merece respeito.
Amodoro esse blog!!!!
#naoAguentoEsseTipoDeCoisa
Maressa De Sousa
12 de julho de 2015 at 09:46
Oi Andreza, tudo bem?
Muito obrigada pelo carinho <3 A gente também ama vocês! Acho que falo pelas meninas também quando digo que nós queremos fazer nosso melhor para as leitoras e leitores que nos acompanham. Eu aprendi muito nesse espaço que antes de mais nada é um espaço de troca de experiências.
Boa sorte no low poo! Na próxima terça vou postar aqui várias sugestões de produtos que podem ser usados nessa técnica. Estou começando a pensar na possibilidade de seguir o low poo seriamente também (no momento eu intercalo, hora sigo, hora não sigo rs). Meu cabelo está merecendo atenção agora que as férias finalmente chegaram e posso me dedicar a esses cuidados.
Boa semana pra você! :D
Resenha Linha Mandacaru Cachos Hidratados - L'Occitane Au Brésil | Cacheia!
22 de julho de 2015 at 13:32
[…] O que diz o rótulo: escolhendo produtos capilares […]
Julia
25 de março de 2016 at 17:57
Olá Maressa! Adorei seu post, simples e fácil de etender!! Tenho uma dúvida… É melhor usar produtos que não tenham parafina líquida? Ela não é saudável para o cabelo?
Parabéns, e obrigada desde já <3
Maressa De Sousa
25 de março de 2016 at 22:55
Oi Julia, tudo bem? Particularmente acredito que é melhor evitar a parafina líquida sim. Não acho que ela realmente trate o fio, é só aquela “maquiagem”. Costumo recorrer a produtos com ingredientes mais naturais. Beijos!