Identidade natural e imposições sociais – desabafo de Flavia de Oliveira

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Olá meninas! Após ler artigos aqui no Cacheia tratando sobre “ser cacheada como um ato político”, encontrar diversas discussões em grupos no Facebook e vídeos no YouTube, resolvi enviar este singelo artigo para a minha prima Mari, esperando que ela fosse ler meu desabafo e colocar meu texto em exposição, dando a honra de representar as milhões de leitoras.

Muitas vezes encontro pessoas torcendo o nariz ao ver meu cabelo, e a coisa piora quando atinge o âmbito profissional. Sim! Vou começar a falar sobre profissão, e esta discussão começa a ficar realmente séria quando se trata do nosso ganha pão.

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A maioria das pessoas que me conhecem já me perguntam logo de cara: Você trabalha com alguma coisa relacionada à publicidade e propaganda? Design Gráfico? Alguma profissão super hiper mega alternativa?

E minha resposta é: não! Sou advogada! Sigo a profissão mais engomadinha que todos já viram. Acordo todo dias as 07h00, tomo meu café, visto meu melhor terninho com a camisa bem passada e meu dia-a-dia gira em torno de escritório e idas ao fórum. Embora a mídia sempre tente distorcer a imagem do advogado (vide a novela das 20h anterior) tenho orgulho de dizer que faço parte de umas das profissões que lutam para que haja um pingo de Justiça no país apesar de todas as adversidades encontradas.

Mas a verdade disso tudo é que, embora eu ame minha profissão, existe muito preconceito voltado à aparência. Várias vezes em que fui em entrevistas de emprego com o cabelo solto, volumoso e super enrolado me olharam com nojo. Certa vez fui em uma entrevista cuja a advogada (que supõe ser uma pessoa esclarecida) me perguntou se o meu cabelo era “assim mesmo”, de forma notadamente pejorativa, como se isso dissesse alguma coisa a respeito sobre o meu conhecimento e minha forma de trabalhar.

A verdade é que vivemos em um pais onde o grau de competência é verificado através do modo em como você consegue se encaixar ao máximo as exigências sociais que muitas vezes contrariam os nossos princípios. E isso não acontece somente no Brasil! Esses dias estava lendo uma matéria em que o novo Ministro da Economia da Grécia estava sendo criticado por não utilizar gravata e ir trabalhar todo dia de moto. Os jornalistas nem mesmo consideraram o fato de se tratar de um professor universitário, que dava aula em uma famosa Universidade Grega.

Confesso que, após passar por muitos dissabores com relação ao meu cabelo em minha profissão, pensei em começar a usar relaxamentos para poder “encaixar” aos moldes. Como eu estava errada!

Cada um carrega dentro de si algo denominado “identidade natural”. Isso não significa “cabelo natural livre de químicas”, pois não existe cabelo assim (afinal, você passa leave-in no cabelo não é, gata?!). A identidade natural é o modo como eu conduzo a minha personalidade e a forma que eu a externalizo. Eu decidi que meu cabelo crespo, desse jeito que vocês estão vendo, é um símbolo, demonstrando tudo aquilo o que eu quero ser: uma verdadeira leoa, alguém que não está aqui no mundo para ser lembrada apenas como um rostinho bonito, mas alguém que está aqui para fazer a diferença e principalmente por não se importar com as imposições realizadas pela mídia sobre sexo feminino.

Creio que este último item, acima de tudo, deveria ser um lema das cacheadas. Muito dos preconceitos contra o nosso tipo de cabelo é derivado de um molde machista que foi incutido em nossas vidas desde que éramos pequenas.

A maioria das meninas que me leem provavelmente se lembram que, na nossa infância, os moldes de beleza eram “Bela Adormecida”, “Cinderela”, “Branca de Neve”, todas as princesas que, embora muito queridas, eram um símbolo de perfeição a seguir. Sempre com a mesma história de serem doces e meigas, encontrarem o príncipe encantado e viverem felizes para sempre. Acho que é por isso que até hoje a única princesa que me identifiquei foi a Princesa Mérida do filme “ Valente”. Nessa história não tem nenhum homem em que ela precisa ser submissa pelo resto da vida, ela se veste como quer, se comporta como quer e não existe um “felizes para sempre”, mas apenas uma menina que luta para ter sua mãe de volta.

Não estou dizendo para você assumir o cabelo crespo para plantar rebeldia e sair nos grupos do Facebook falando que você é o símbolo do protesto. Você pode muito bem ser uma menina delicada e discreta de cabelo crespo. Entretanto, uma coisa é certa: se você escolheu ter esse tipo de cabelo, é porque você não concorda com tudo o que nos foi imposto e está disposta a passar por cima sambando no preconceito. Mas se por outro lado você tomar a atitude de alisar ou relaxar, peço para que isso seja uma atitude somente sua e que traduza a sua  verdadeira identidade natural, não porque todos dizem que você deve fazer isso, mas porque você se sente bem.

Eu compreendo, sinceramente, quem não consegue se adequar ao cabelo cacheado/ crespo, pois confesso que muitas vezes eu mesma não consigo por medo de ser rejeitada (e olha que já sou cacheada natural assumida há muito tempo). Se você realmente não consegue se adequar à forma do seu cabelo, se isso é tão terrível para você, não sofra! Procure um cabeleireiro e tome as providências que quiser. Todavia, saiba que se você sentir vontade de jogar tudo para o alto e querer ter um cabelo volumoso e enrolado, vem ser feliz com a gente, sem se importar com o resto! E se você segue uma profissão mais “coxinha” como a minha, também não importa!

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Blog Comments

Parabéns pelo excelente artigo! Nos representou muito bem.

Infelizmente, esse preconceito não está só nas profissões mais tradicionais. Eu faço design de moda e mesmo assim sofro com essas exigências de forma bem forte até voltei a pensar em alisamento depois de 3 anos sem progressiva. Uma professora chegou a deixar isso bem claro dizendo que eu era uma ótima aluna mas seria difícil ter credibilidade e ser bem sucedida porque meu cabelo era muito natural (ela tentou ser sútil). A ditadura não engloba só alisar ou não mas hoje pintar fazer californiana virou obrigação. É triste saber que as pessoas pensam que temos que seguir inúmeros padrões e regras para “merecer” respeito.

Oi, Lorena!
Muito triste isso, mas não ceda a esse tipo de comentário preconceituoso.
Também trabalho na área de humanas, sou coordenadora de projetos digitais e lido diretamente com clientes. Felizmente, passei por isso apenas uma vez e foi com um colega de trabalho, mas acho inclusive que meu cabelo me ajudou em muitos casos, mostrando minha personalidade.

Siga em frente e deixe esses preconceituosos no blablablabla deles, por mais difícil que seja.
Um beijo!

Desde o meio do ano passado que resolvi voltar com o crespo que acompanho o cacheia, e tem sido reconfortante saber que não tou só na volta aos cachos e contra o preconceito ridículo. Eu não fiz o BC, tou cortando aos poucos, mas ta grande parte já sem química :D. Me identifiquei muito com esse ‘medo de rejeição, lembrei de quando fui a aula com o cabelo mais curto e os cachos mais naturais e divos escutei coisa do tipo: “vamo arrumar esse cabelo né?” de um colega que considero. Nem preciso dizer da minha decepção para com ele! mas relevei porque sei que o que mais existe é o preconceito enraizado! e até nós mesmos as vezes temos devido ao meio que a gente vive e a cultura erroneamente imposta. Em várias situações em que percebemos olhares de admiração ou de discriminação. è como li em outro post, é preciso até um certo preparo pra ver e escutar determinado tipo de comentário e filtrar e levar em conta só o que importa que é se arrumar como se identifica e se achar linda.

Verdade, Laís!
Obrigada pelo seu comentário :)

Que texto excelente! Eu tmbm sofro um pouco de preconceito dentro da minha. Depois de 5 anos fazendo progressiva ha 3 meses reassumi meus cachos, e meu marido não gostou. As vezes brincando ele chama meu cabelo de feio mas sei q no fundo ele prefere ele liso. Já avisei ele pra ir se acostumando pq agora ele vai conviver diariamente com uma “Valente”, esse foi o apelido q me deram no trabalho por conta dos meus cachos ruivos. Sempre gostei de ir na mão inversa da moda, mas demorei um pouco para perceber q eu estava seguindo um estilo de cabelo por moda. Agora me olho no espelho e me vejo realmente como eu sou.

Ainda bem que acordamos, Rafaelle!

Obrigada pelo seu comentário :)

Afff, a vida inteira alisei e agora há 3 meses cortei. Ainda estou me ajeitando, mesmo pq o cabelo ainda tá sendo decifrado. Teve gente que gostou, teve gente que não. Serviço é um lance sério. Tem gente me chamando de miojo, outra de anjinho, até que tá legal né? O olhar atravessado realmente acontece. Esses padrões impostos e aceitos por nós. O liso é associado à limpeza, chic; o crespo ao sujo e desarrumado. Eu tô aprendendo ainda como deixar meu cabelo como eu quero e me faz bem, mas cacheado, ondulado. Excelente texto. Achei inusitado outro dia, numa viagem que fiz… vi uma comissária de bordo negra, de cabelo solto e cacheado, pouco abaixo dos ombros. Imagino que recebeu muitos elogios, mas fico pensando se não foi repreendida por alguma pessoa idiota. Mas tipo, comissário só com coque ou chanelzinho liso. Fiquei boba, mas achei muito legal.

Oi, Juliana!
Obrigada pelo seu comentário!
Realmente o caso da comissária é bem atípico. Que vire rotina!

Um beijo!

Eu não diria q os cabelos crespos não são aceitos por machismo…afinal, o mercado de trabalho também hostiliza homens que optam por cabelos crespos mais cheios e naturais. Pregam que a mulher crespa deve alisar, e o homem crespo deve cortar beeem curtinho. O problema aí não é machismo, é racismo mesmo!

Também sou advogada, cacheada assumida a 1 ano. Penso quase que mensalmente em fazer escova nos cabelos para poder enfrentar a rotina do trabalho na 2ª feira.
Ouço coisas do tipo: cabelo de miojo, Elba Ramalho (e olha que meu cabelo nem é muito cheio, gostaria que fosse). Na minha profissão é muito difícil ser levada a sério por conta da aparência. Posso estar de blazer, toda arrumada, mas algumas pessoas vem falar que o cabelo não combina!
Me sinto triste e as vezes desestimulada. Ás vezes é mais fácil nadar a favor das ondas, ir pelo lado mais fácil. Mas depois penso nas pessoas que tem problemas muito maiores e sérios, e enfrentam de cabeça erguida, como posso me abater por causa de pessoas que só pensam no que é tradicional, pessoas preconceituosas que só olha a aparência e não a capacidade…Me olho no espelho e adoro meus cachos…Minha sorte é que meu marido adora também!
As vezes vejo meninas na rua com cabelos maltratados pelo alisamento e progressivas. Mas preferem eles assim, feios e lisos, do que cacheados e bonitos….tudo porque a mídia impõe as mocinhas de cabelos lisos e compridos… tudo pela ditadura da beleza…
Parabéns por vocês, parabéns pelo site, parabéns por ajudarem a auto-estima de tanta gente….

Oi, Cristina!
Preconceito é um assunto sério mesmo. Pode ser mais fácil ir pela maré, mas não é justo. Sejamos o que quisermos!
Seja forte e conte com o Cacheia sempre!
Obrigada pelo seu comentário, por contar um pouquinho da sua experiência para nós e pelo apoio!

Bjs!

Gostei do seu texto, mas acho que algo está errado, Não é machismo, e sim racismo, puro preconceito. Tenho cabelo cacheado, e só aliso de vez em quando. Para ter ideia, aliso somente duas ou três vezes por ano! Alisei na semana passada para ir num evento no Rio num domingo, hoje sexta para sábado ainda estou com a escova e doida para lavar o cabelo. Porém, tenho entrevista segunda agora, num banco no Centro do Rio, tenho esse medo, pois eu vou tirar o cabelo liso. porque não aguento mais ficar com o cabelo liso. Tenho medo de chegar lá com o cabelo cacheado e eles não gostarem e tals… Pelo que parece o cabelo liso, mostra-se mais “respeito”. Como o cabelo cacheado não mostrasse…

PS: Socorro!!! XD tenho que ir de roupa social, porém não tenho dinheiro para comprar a roupa. Só a blusa que tenho, menos a calça e vestido não uso. Será que pode ir de jeans(comportado, cor sóbria…)??

Ah parabéns pelo site!! Sucesso para vocÊ!!

Oi, Karen! Tudo bem?
Esse texto é da Flavia, leitora aqui do Cacheia
Ela disse do machismo num contexto do padrão de beleza que nos é imposto, principalmente para as mulheres.
Quanto ao cabelo, é sim preconceito, mas não necessariamente racismo, já que racismo só aplica no caso de discriminação de raças.

Quando você diz alisar, se refere a fazer escova ou química? De qualquer forma, concordo com a opinião da Flavia, cabe a nós lutarmos contra esse preconceito e não é alisando que vamos contribuir para essa luta. É claro, se você quiser alisar, é um direito seu. Mas não alise para agradar os outros ou atender a padrões de beleza pré-estabelecidos. Precisamos lutar contra eles!

Eu colocaria uma camisa, um sapato e essa calça jeans de cor sóbria, sem qualquer rasgo ou tinturas :)

Espero ter ajudado!

bjs

Olá, muito bom artigo, amei era o que realmente procurava, também serei advogada, não consigo ir ao fórum de cabelo cacheado por medo da rejeição, as pessoas são bem preconceituosas, sinto que também sou por não conseguir me assumir cacheada, mas quando vejo alguém na rua ou vi algumas vezes na minha faculdade fiquei muito feliz, mesmo não estando cacheada. Faz bastante tempo que não coloco produtos químicos, mas quando vou trabalhar faço chapinha. Parabéns pela força, quem sabe conseguirei!!!

Força, Wanessa!
Não precisamos nos adequar a padrões! Você é linda e seu cabelo também!

Beijos!

Que texto excelente! Eu sofro com algo muito semelhante em relação ao medo da rejeição… Eu estou passando por uma transição capilar desde o início deste ano, meu cabelo natural é ondulado. E eu tenho traços japoneses no meu rosto porque metade da minha família é japonesa, mas a outra metade é descendente de europeus. Minha mãe é japonesa e meu pai tem o cabelo tão ondulado que chega a frizzar só pelo fato de ser super ondulado, e o meu cabelo é IGUAL ao dele. Mas, voltando ao assunto, eu comecei a transição capilar muito mal porque eu não sabia como fazer isso, então eu cortei o meu cabelo estilo chanel e comprei aquela escova da polishop com íons e mais um monte de coisa. Toda vez que lavava meu cabelo fazia escova. É claro que eu parei de fazer isso e estou usando técnicas de texturização das quais eu nem sabia da existência. No meio dessa transição capilar, durante uma semana, eu, de repente parei de fazer escova. Ficava com o braço doendo porque a escova era pesada e eu demorava cerca de 2 horas para fazer a mesma e aí eu conversei com uma amiga minha e descobri as técnicas de texturização. Durante o intervalo na escola, no meio dessa semana, eu tinha feito uma técnica de texturização, mas tinha deixado o meu cabelo estranho porque ele estava curto e eu nem sabia fazer texturização direito, uma menina da minha série chegou e falou para mim que nunca viu uma japonesa com o cabelo ondulado como se isso fosse horrível e como se eu tivesse a obrigação de ter o cabelo liso. Relembrando que eu não sou japonesa e sim mestiça. E, pior, foi o jeito que as pessoas me olhavam… Foi horrível. Apesar, de agora eu estar muito melhor com isso, eu ainda tenho ódio repulsivo das pessoas que dizem que por eu ser japonesa legítima (o que eu NÃO sou) eu teria que ter um cabelo liso natural e impecável. Mas, agora eu fiquei com muito medo porque eu pretendo fazer direito, ser advogada e tornar-me juíza…

Oi, Natália! Não precisa ter medo, flor.

Claro, prepare-se para uma guerra porque pessoas autênticas incomodam muito os outros e você jã teve uma prova disso. Mas danem-se elas. Seja você! Como você quiser e se sentir bem! Tenho certeza que você será uma juíza brilhante! E não aceite que ninguém te fale o contrário ou que duvide da sua capacidade ou que te diga que o seu cabelo deve ser assim ou assado. É uma escolha sua! Faça sua escolha, vista sua armadura e vá sem medo!

Um beijo e força =)

Olá meninas!!
Me identifiquei muito com o desabafo da Flávia Oliveira. Desde 2007 eu fazia progressiva. Sempre falaram do meu cabelo ser volumoso, estranho e feio, até que resolvi fazer a progressiva. Adorei. Não vou negar. Cheguei a dizer que jamais usaria “aquele cabelo novamente”. Até que resolvi deixar meu cabelo crescer e vi os danos da química gritando no meu cabelo. Minha cunhada, que fez a transição há muito tempo, me incentivou a abandonar a progressiva. No princípio a achei maluca. Mas, aquilo foi me incomodando. Fui à II Feira Antropofágica e vi o Grupo de Rap Odisseia das uma de suas canções falava da questão do cabelo e da imposição da sociedade. Novamente fui incomodada e resolvi tentar. A minha cunhada que me indicou este blog. Comecei a devorá-lo. Pensei que jamais teria coragem de fazer o BC e por isso usava o cabelo comprido e com duas texturas… Comecei a sofrer no trabalho com os comentários: Que cabelo de louca é este? / O que aconteceu com seu cabelo? e eu indignada respondia: Este é o meu cabelo! No último sábado fiz o BC. Ainda não tirei toda progressiva porque ficaria mega curto, mas ninguém acreditou quando viram que tive coragem de cortar o cabelo, nem eu mesma pensei que teria essa coragem. Minha mãe não está gostando nada desta transição. Os comentários no meu local de trabalho continuam, agora dizem que eu não penteio mais o cabelo.. às vezes me dá vontade de fazer a progressiva porque nem eu consigo me enxergar bonita, porém sei que tudo isto vem das imposições da sociedade. Quando estava cortando meu cabelo chegou uma mãe com sua filha dizendo: Tem como dar jeito neste cabelo? – fiquei de boca aberta, o cabelo da menina era lindo, grande e volumoso, mas a mãe se referia como se fosse horrível. Ali tive mais força para vencer esta ditadura do liso. Espero conseguir vencer esta batalha que para mim é interna também, quero me aceitar, me olhar e ver quem sou. Quanto ao trabalho, não sei se podem me impor que mude o cabelo, acredito que não, mas posso dizer que o olhar para mim passou a ser diferente e os comentários racistas aumentaram. Esta transição está me trazendo um autoconhecimento e pretendo ir até o fim.

Oi, Adriana!
Essa fase da transição é a mais difícil justamente devido às duas texturas. E já começa de nós mesmas que não nos sentimos bem.
Enquanto você não tirar toda a química, sugiro que você faça texturizações para não ficar tão gritante a diferença. Aqui temos posts sobre isso: http://cacheia.com/2013/12/texturizacao-s-o-s-transicao/

Aí, vai cortando aos poucos, conforme sua vontade, e cuidando dos fios novos, seguindo o cronograma capilar. Tenho certeza que quando você estiver com o cabelo natural você receberá muitos elogios e vai sentir uma força incrível de poder ser quem você é e como quiser :)

Obs: Fiquei muito feliz de saber da força da sua cunhada e que ela já nos acompanha :))

Um beijo e, precisando, grita ;)

Bjs

Oi Mariana!
Com certeza gritarei rsrsrs
Aliás, toda vez que fico chateada com os comentários ou o cabelo não está tão legal como eu gostaria, adivinha o que faço? Corro para cá, leio várias matérias, comentários e me identifico com as histórias e recarrego minhas energias para ser realmente quem sou e não o que a sociedade quer que eu seja. :)
Bjs

Aiiiiiiiiiiii, que linda!
=)

Conte com a gente sempre que precisar ;)

Um beijo!

Eu:-Tenho uma coisa pra conversar com vc.
Marido: -O quê?
Eu: Decidi não mais alisar o cabelo.
Marido: – E daí vc vai deixar de ser vc por causa disso? – Perguntou ainda concentrado no que estava fazendo.
Eu: – Sem química meu cabelo ficará um tempo feio, além vou precisar cortar e provavelmente curtinho.
Marido:- Cortar não! – Só ai ele parou o que estava fazendo e olhou para mim.
Expliquei a razão da necessidade do corte e como iria ser essa fase de transição. Ele não discutiu volta e meia dava uma sugestão a qual eu rebatia por fim pareceu aceitar. Meu marido é branco e vem de uma família absurdamente racista e sei que parte dessa preocupação dele é referente á família pois serei ainda mais discriminada por ela.
Desde que decidi assumir meu crespo já percebi olhares diferentes e até uma oferta para compra de chapinha. Até então tais olhares não estão incomodando, E gozando um período de licença, estou aproveitando para ler mais sobre o tema afim de maior embasamento para desenvolver um projeto a ser posto em prática na escola a qual leciono. Acredito que a escola deve assumir tais discussões e trabalhar questões de identidade, ancestralidade, respeito e autoaceitação. Quem sabe assim não teremos mais pessoas assumidas e satisfeitas consigo mesmas?

Nossa, Magah!
Perfeita sua colocação, perfeita sua ideia!
Acredito piamente que esse tema deva ser cada vez mais abordado. Só quando colocamos um tema sob à luz é que a ignorância vai se acabando.

Se precisar de ajuda com a sua transição ou com indicação de posts sobre empoderamento, estamos por aqui!

Um beijo!

Nooossa, acho super absurdo olhar com nojo pra um cabelo lindo como esse, não que outros tipos mereçam esse tipo errado de atenção. Eu confesso que nunca teria feito (e provavelmente não teria sido encorajada) alisamentos se meu cabelo fosse assim. Comecei a fazer alisamento por conta própria (naquela época vendiam uns alisantes baratos em mercadinho até), mas a única vez que minha família me deixou em paz com meu cabelo natural foi quando tinha deixado a chapinha pra começar a usar guanidina no salão, e isso porque eu não era “maluca” de usar ele solto/ com as pontas soltas. Hoje trabalho numa universidade pública e já começou a agonia com a raiz natural que começou a crescer na frente. Sinto sim um sutil estranhamento quando simplesmente só prendo ele. O desânimo e a irritação não é pouco mas tenho coragem e conhecimento pra continuar em transição e pela primeira vez na vida cuidar direito do meu cabelo como ele é.

Que lindo. Me emocionei. Já fiz escovas progressivas por algum tempo e hoje tenho os meus cachos de volta, graças a Deus. Agora tenho uma filha de 1 ano e 3 meses com seus lindos cachinhos e vou incentivá-la muito a mantê-los. Obrigada tb a todas do Cacheia que tanto nos ajudam com receitas, dicas e informações. bjs

Amei muito seu post, é isto! Muito obrigada esclareceu muitas coisas na minha vida!

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