Cabelo crespos e cacheados são mais frágeis que cabelos lisos?

O uso do cabelo natural transformou o mercado da beleza na última década. Apesar disso, ainda existem muitos “mitos” a serem combatidos. Uma dessas crenças limitantes é a noção de que cabelos crespos e cacheados são “duros”, mais resistentes. Como veremos, o que acontece é justamente o contrário.

Numa perspectiva simplificada, podemos classificar os tipos de cabelo em pelo menos três: asiático (liso), caucasiano (ondulado) e afro (crespo/cacheado). O formato do folículo capilar interfere na variação do diâmetro dos fios. A estrutura dos cabelos lisos não apresenta inclinação e a disposição do óstio facilita a lubrificação da fibra capilar. No caso de cabelos ondulados, há uma leve curvatura, já no caso de cabelos crespos e cacheados o óstio apresenta formato achatado e os fios crescem em paralelo ao couro cabeludo, formando espirais e zigue-zagues. Essa característica pode dificultar a distribuição da oleosidade ao longo dos fios, o que contribui para que o comprimento e/ou as pontas apresentem mais sinais de opacidade.

A parte externa dos fios, chamada de cutícula, desempenha um importante papel na proteção do córtex capilar. A cutícula tem várias “camadas”, em número variável, ligadas pelo cimento intercelular. Um cabelo liso e grosso pode apresentar maior número de ligações de pontos dissulfeto, característica que confere mais resistência a agressões físicas, químicas ou mecânicas. Já os cabelos do tipo “afro”, nossos queridos cachinhos, costumam ser mais frágeis quando comparados a outros tipos de cabelo. Desse modo, cabelos crespos finos podem apresentar menos camadas cuticulares, sendo mais suscetíveis à quebra. Por isso mesmo, a exposição a danos como descoloração e transformações químicas deve ser cuidadosa. O simples ato de pentear e desembaraçar cabelos crespos e cacheados de forma inadequada pode prejudicar a saúde dos fios.

Por tudo isso, não se engane: apesar da estrutura volumosa e cheia de ondulações, frisados e espirais, cabelos crespos e cacheados exigem mais atenção no tratamento, modelagem e nos processos de modificação da fibra.