Debaixo dos Caracóis da Ana Santos

Se você perguntar para qualquer administradora aqui do Cacheia qual a categoria do blog mais gostamos, posso apostar que a resposta unânime será: Debaixo dos Caracóis! Sabe por quê? Ela não é apenas sobre cabelo, sobre cuidados e dicas para cuidar dos cachos – o que, aliás, amamos – mas sobre o lado mais “profundo” e que mais revela sobre a personalidade das meninas que por aqui passam. É no Debaixo dos Caracóis que conhecemos um pouco da história das nossas leitoras, sabemos pelo o que passaram, os preconceitos que enfrentaram, porque resolveram voltar ao natural (amém!)  e, consequentemente, defendemos aquela que é a maior bandeira do Cacheia: não é só cabelo, é a nossa identidade! Assumi-la perante uma sociedade que ainda é muito preconceituosa é, sim, um ato político. É o nosso grito de: “Mundo, não precisamos dos seus padrões! Somos assim e nos amamos assim. Um beijo.”

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O Debaixo dos Caracóis de hoje é lindo. Ver a foto do antes e depois da Ana no Facebook me despertou a ir falar com ela e convidá-la para estar aqui hoje. Minha primeira leitura sobre ela foi: essa mulher é forte, é porreta. Não tá aqui de brincadeira, não. Veio para mostrar para o mundo quem é.

E, vou falar para vocês, ler a entrevista dela me confirmou tudo isso (:

1. Nome: Ana Carolina Santos

2. Idade: 23 anos

3. Onde mora? Gramado – RS

4. Profissão: Fotógrafa e Gerente de Mídias Sociais

5. Quais os prós e contras de se assumir o cabelo crespo/cacheado? Não vejo prós nem contras a respeito de assumir o cabelo cacheado, e sim personalidade. Assumir quem se é, o cabelo que nasceste e o volume que ele te impõe, isso sim é possuir estilo próprio.

6. Você acha que o cabelo natural é uma forma de manter sua identidade? Por quê? Claro. Nasci com ele, morrerei com ele. Assumindo a naturalidade do meu cabelo, revelo parte do que sou. Ninguém possui o mesmo cabelo que eu, ninguém (talvez) o exiba com tanta emoção. Pra mim, quanto mais volumoso, mais “Ana” ele se torna.

7. Qual a sua opinião a respeito da forma que a sociedade vê os cabelos crespos e cacheados. Isso tem mudado? A sociedade impõe limites e desejos a todos os seres humanos. Através do cabelo, do peso, da cor, da orientação sexual, do gosto musical, enfim, imposições nunca nos faltaram. O cabelo crespo exala algo diferente, uma presença mais significativa, é normal que cause um certo desconforto em quem não o possui. Meu cabelo nunca foi alvo de critica e, se um dia for, não me atingirá.

8. Você já sofreu algum tipo de preconceito por causa do seu cabelo? Como lidou com isso? Já sofri alguns preconceitos, nem sempre pelo cabelo. Sou crespa, gordinha e gay, já pensou? Mas me sinto uma menina de sorte. Possuo uma forte personalidade, amo meu cabelo e o exibo com louvor, tenho orgulho de ser LGBT (mesmo que não seja uma escolha, se fosse, eu escolhia) e o peso, bom, esse estou tentando reduzir aos poucos. Portanto, sou da seguinte opinião: me arrumo e me “encacho” pra eu mesma, a opinião alheia pouco me importa.

9. A respeito do alisamento progressivo: Aos 15 anos pedi, de presente de aniversário, um alisamento progressivo. Eu, até então, escondia meus cachos sob coques e rabos de cavalo diariamente. AMEI o resultado quando me vi lisa, sério, foi uma sensação maravilhosa, de libertação. Utilizei a química por 6 anos consecutivos. Um dia, após tomar banho, a preguiça de fazer escova pegou pesado. Foi então que, após tantos anos, vi alguns cachos retornarem. Pensei “quer saber? Vou deixá-lo assim!”. Foi o que fiz. Já foram na altura da cintura, mega curtos, loiros e vermelhos, negros e castanhos, e agora, por fim, virgens e em estilo black power. Por fim, a 3 anos eu assumo que amo muito tudo isso!

10. Conte um pouco sobre o seu BC:

Sempre tive o desejo de ter o cabelo curto. Menos trabalho (pelo menos era o que eu pensava). Logo que cancelei o alisamento, deixei o cabelo comprido por pouco mais de 2 meses. Cansei. Foi então que pedi para minha mãe que cortasse. Ela me apoiou e então decidimos pela sorte, haha.

Cortei na altura dos ombros e fui diminuindo cada vez mais.

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Cheguei a raspar com a máquina 2. Agora, meu black power está quase perfeito e pretendo deixá-lo assim por um bom tempo.

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Me amo muito do jeito que estou. Auto estima lá em cima com meus cachos definidos e curtinhos ;)

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“Cabelo cresce, porque não arriscar?”

Mariana

Mariana Boaretto, 28 anos, paulistana. Mãe-coruja do Lorenzo e da Giovana, formada em Comunicação e cursando MBA em Marketing. Descobriu sua paixão pelos cachos há 7 anos e adora compartilhar dicas de cuidados, aceitação e empoderamento feminino.

Blog Comments

Ai que tudo esse depoimento!
A transformação dela foi divina! A primeira foto foi a que me encantou! Adorei o corte, combinou tanto com ela! Muito original!
Vou fazer o meu BC no fim do mês, e essa entrevista, como tantas outros ‘debaixo dos caracóis’ só têm me inspirado!
Parabéns Cacheia pelas ótimas matérias e parabéns Ana Carolina pela coragem, liberdade, e cachos lindos!

Beijo ;*

Oi, Aline!
Eu também amei as fotos dela. A coragem de ter raspado e o sidecut ficou muuuuuito estiloso. Aliás, bela inspiração para o seu bc, hein?
Depois manda foto para gente no Facebook que postamos :)

Beijos, Mari

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